A Fairy Wicca

 (c) Morgane Le Fey

 

TRADIÇÃO DAS FADAS OU FAIRY WICCA:

 

 A Fairy Wicca ou Tradição das Fadas tem em comum com as outras vertentes da Arte uma tradição linear de mistérios e poder. Seus membros acreditam na comunicação direta com a Divindade. Isto é um contraste com algumas outras Tradições que praticam o psicodrama ritual em larga escala. Entre as características que mais distinguem a Fairy Wicca está o trabalho com o Poder das fadas, que caracteriza a linhagem desta vertente Wiccana.

Segundo os membros desta Tradição, seus ritos e conhecimentos tiveram origem entre os antigos povos da Europa da Idade do Bronze, que ao migrarem para as colinas e altas montanhas, devido às guerras e invasões, ficaram conhecidos como Sides, Pictos, Duendes,  Fadas ou Tuatha de dannan.
Nesta Tradição é dada uma forte ênfase à expansão da consciência. É uma Tradição voltada à exploração espiritual. Os Fairy Wiccans respeitam profundamente a sabedoria da natureza e tudo o que a envolve. Os Deuses não são vistos como forças psicológicas, arquétipos ou manifestação do inconsciente coletivo, mas são reais, com um sistema de moralidade diferente do nosso próprio e nós teríamos responsabilidade com cada um deles. Há um corpo específico de cantos e material litúrgico da Tradição.

Muito disto se originou com Victor e Cora Anderson, Gwydion Pendderwen e Starhawk, membros dessa tradição que forneceram um arsenal para muitos Círculos em funcionamento, cuja criatividade poética é altamente estimada.

Mas o precursor desta tradição foi Victor Anderson - nasceu em 1917 e dizia-se descendente de Havaianos e Africanos. Ele foi iniciado no Coven Harpy, em Bend, Oregon, ainda em sua adolescência. O Coven Harpy era um Coven da Fairy Tradition (Tradição das Fadas), que se distinguia muito dos Círculos Gardnerianos e Neo-Pagãos vigentes até então. O Coven Harpy se dissolveu na época da segunda guerra mundial. Victor Anderson casou-se com Cora em 1944 e juntos começaram a introduzir outros conhecimentos e práticas, inclusive materiais das Tradições Gardneriana a Alexandrina, à Tradição das Fadas e resultou no que mais tarde passou a ser chamada de Fairy Wicca ou Feri Faith. Em 1960, Victor e Cora conheceram Gwydion Pendderwen que se tornou um dos mais renomados iniciados do casal Anderson. Gwydion espalhou os conhecimentos da Fairy Wicca na comunidade Neo-Pagã dos anos 70 até meados de 80.

As práticas mágicas da Fairy Wicca  são altamente invocatórias, encorajam a manifestação direta dos Deuses através de práticas como "Puxar a Lua Para Baixo", que confere talentos psíquicos ou sensibilidade especial para algumas práticas específicas. Os Ritos da Fairy Wicca possuem diversos estilos e podem ser tirados de muitas fontes. Há uma linhagem iniciatória traçada desde Victor e Cora Anderson e Gwydion Pendderwen.

É característica inerente da Fairy Wicca trabalho com os espíritos da natureza, conhecidos como Fadas, Duendes, Gnomos, etc. em seus rituais. Embora o Victor Anderson seja reconhecido mundialmente como o professor-fundador desta Tradição, é possível identificar influências que formaram a Fairy Wicca antes de sua forma presente evoluir para ser o que é hoje.
Há influência de uma cultura africana muito forte, principalmente Dahomeana, e a Teoria do 3 Selfs foi trazida da Magia Kahuna. O material de Victor não é a única fonte dentro da Tradição e existem inúmeros outros.
A Fairy Wicca é uma Tradição extremamente aberta à evolução e cada iniciado traz uma direção nova às suas práticas e rituais. Alguns praticantes, como Gwydion e Eldri Littlewolf, enredaram em caminhos Xamânicos, além de trabalharem extensivamente com a Religião Céltica. Outras influências (como a Magia Cerimonial) começaram a fazer parte da Tradição com Gabriel Caradoc. Victor, Gwydion, Caradoc, Brian Dragon e Paladin escreveram lindas poesias e liturgias para rituais que são utilizadas até hoje pelos praticantes da Fairy Wicca em todo o mundo. As aulas de Gabriel forneceram treinamentos excelentes na liturgia da Tradição e seus estudantes continuam a transmitir seus ensinamentos. Francesca De Grandis, que compôs Sharon Knight, adicionou sua inspiração para o corpo de material litúrgico da Tradição e Starhawk usou os conceitos desenvolvidos na Fairy Wicca, expressando suas convicções e práticas mais abertamente.

Algumas características da tradição incluem:

 

- O trabalho e visualização do fogo azul, pois a chama azul é a fonte de poder feérico;


- Um corpo de material poético e litúrgico;


- Deuses e arquétipos específico da Tradição, Deuses em sua face feérica;


- A doutrina dos Três Selfs;

 

- O  trabalho com os pentáculos.


- O trabalho sagrado com a ancestralidade da arte. (Ancestrais a Arte, da terra e do sangue.)


-  Trabalho com os guardiões pessoais, guardiões da tradição e da natureza.

 

- O caminho para a evolução dentro da tradição é mais trabalhado, onde o iniciado trabalha com vivencias dentro dos 13 bosques feericos sagrados, em busca de autoconhecimento pessoal e mágicko, enfrentando assim suas sombras, seus medos, e todas as suas faces.

 

- Dentro da tradição sua evolução depende de seu trabalho em grupo, mas principalmente de seu treinamento pessoal.

 

Na trilha das fadas há tanta beleza quanto horror, é um caminho que poucos tem a coragem e a força pra seguir, pois enfrentar a ti mesmo, tirar suas máscaras e enfrentar suas sombras é um trabalho difícil, mas altamente compensatório.

 

 


O CONCEITO DO SELF

 

 Na Fairy Wicca, o conhecimento humano é dividido em 3 Selfs, Eus ou almas  como também são chamados. Eles são: o Self Jovem; o Self Discursivo;
o Self Profundo.

Os 3 Selfs podem nos ajudar a compreender como somos, como funcionamos e integrar as várias partes do nosso ser. O Self é o Eu, a individualidade e a identidade de cada ser humano. Cada pessoa utiliza mais um tipo de Self que o outro e, segundo a Fairy Wicca, é isso que a caracteriza cada um de nós. Além disso, podem ser muito úteis na hora de manipular a energia nos trabalhos mágicos. Abaixo uma pequena correspondência dos 3 Selfs:

Self Jovem: representa a mente inconsciente, ao hemisfério direito do cérebro. Nos comunicamos com ele através de símbolos, imagens e sensações. É ele que nos impulsiona a seguir em direção de nossos sonhos mais recontidos e a arriscar. Está associado à energia elemental do corpo (Raith), já que é através dele que recebemos energia e vitalidade. O Self Jovem percebe o fluxo das energias e se comunica sem a necessidade de palavras. Ele trabalha com o mundo das puras sensações que podem ser visuais ou auditivas. O Self Jovem contém toda a memória das experiências passadas, que emergem através dos instintos. No corpo humano, sua força está concentrada no Chakra Básico. Sua energia é gerada através da água e ar puros, exercícios físicos, sexo e através do transe.

Self Discursivo: representa a mente consciente, o hemisfério esquerdo do cérebro. É ele que organiza o que é concebido pelo Self Jovem. Ele funciona através da análise. É com ele que julgamos, inquerimos, culpamos e nos deixamos culpar. É ele que forma a realidade escondida por trás das aparências, racionaliza e define as experiências sensoriais. Aqui se encontra presente os nossos instintos sociais e necessidades. No corpo humano sua força está concentrada no Chakra Cardíaco. Sua energia é gerada através da combinação da energia de todos os seres.

 

Self Profundo: é o Divino que existe dentro de cada um de nós e não há referências psicológicas para explicá-lo. O Self profundo representa o espírito, a essência, que existe além da matéria, espaço e tempo. Ele é a junção das polaridades. Ele é o espírito que nos impulsiona e guia. Está associado diretamente ao Self Jovem e indiretamente ao Discursivo. É através dele que estabelecemos conexão com o Divino e a possibilidade de conhecer o passado, presente e futuro. A sua força está concentrada em nossa aura e no nosso Chakra Coronário. Sua energia é gerada pelo Universo e ritos sagrados.

 

 

 

O TRABALHO DOS PENTÁCULOS:

 

O pentáculo de ferro:

O Pentáculo de Ferro é um dos principais símbolos, utilizados na Tradição das Fadas, para possibilitar que cada pessoa trabalhe suas habilidade mágicas. Através dele aprendemos a dar forma às energias, transformar-se e explorar os 5 pontos do nosso Pentáculo interno:

 

1.            o Sexo: que é a energia Primal;

2.            o Self: o nosso Eu;

3.            o Paixão: as emoções;

4.            o Orgulho: A auto-estima;

5.            o Poder: O poder interior.

 

Cada um desses pontos está associado a uma ponta do Pentagrama e o intuito de trabalhar com o Pentáculo de Ferro é fazer com que as 5 pontas estejam em perfeito equilíbrio e harmonia. O Pentáculo de Ferro é apenas uma das 3 formas principais de desenvolver e fortalecer o poder em cada pessoa segundo esta Tradição. Além dele existem mais outras duas que são consideradas essenciais:

 

1. O Pentáculo de Pérola:
Que possui as pontas do amor, sabedoria, conhecimento, lei e poder.

2.
O Pentáculo de Chumbo:
Que possui as pontas do nascimento, Iniciação, consumação, repouso e morte

 

O trabalho com os pentáculos é essencial para o caminho evolutivo dentro da tradição. Mas além dele, claro, muitos outros aspectos são trabalhados, como por exemplo, a conexão e o trabalho diário com o Povo Pequeno, que visa conhecê-los, e celebrar esse povo tão magicko e alegre, tornando-se assim um elo vivo de ligação entre nosso mundo, e o OUTROMUNDO, uma fonte VIVA de poder feerico, o trabalho de um Fairy Wiccan é TORNAR-SE UM GUARDIÃO DA CHAMA AZUL, A FONTE DE NOSSO PODER.

 

 

 

A DEUSA E O DEUS EM SUA FACE FEERICA

 

Na Fairy Wicca, a face da Deusa cultuada é a Deusa Aine - Rainha das Fadas e Senhora da Lua. É uma Deusa primária Irlandesa que sobreviveu em forma de Fada, soberana da Terra e do Sol, a Rainha de todas as fadas. Possui um culto muito forte na Irlanda até os dias de Hoje (Existem duas colinas perto de Lough Gur consagradas a Deusa Aine, onde ocorrem ritos em honra a ela, um deles é chamado de KNOCKAINE, em homenagem a Deusa). Seu principal festival é no dia logo anterior ao Solstício de Verão. Conhecê-la, cultuá-la e manter conexão constante com ela é imprescindível para quem quer se comunicar com os Fays.

 A face do Deus de Chifres, por sua vez, é Gwynn Ap Nudd - o Rei das Fadas e Senhor do Outro Mundo.

Ele pertence a corte do INVERNO. É o  guardião dos portais de Annwn ou Summerland. Ele é o Rei das Fadas, Ele é o senhor da caçada selvagem (não caça aos animais, mas a caçada das almas), da morte, do subterrâneo das fadas, o rei dos Tuatha de Dannan. Ele é o Senhor das fadas, que está sempre com os chamados Cwn Annwn, que são também conhecidos como Fadas Brancas, possuem orelhas pontudas, olhos vermelhos e seus uivos podem ser ouvidos a noite nas montanhas.

 

 

 

UM POUCO SOBRE FADAS...

 

É importante lembrar que na cultura Celta, as FADAS são os antigos Deuses da Terra. As fadas não são apenas os elementais do AR como muitos conhecem...NÃO! Elas são elementais, guardiões, de todos os elementos, de tudo o que existe! Gnomos por exemplo são FADAS, duendes são FADAS, e todos os tipos de seres relacionados a natureza, são FADAS.

As fadas são a própria natureza, a força dos elementos, os ciclos de transmutação e toda a dinâmica da  natureza. Alguns especialistas acham que as fadas podem ter sido os Deuses dos povos que construíram Stonehenge e os demais círculos e monumentos de pedra - povos anteriores aos celtas, e dos quais pouco sabemos. Os celtas não construíram esses monumentos;  mas continuaram a reverenciá-los como locais sagrados, e chamavam as pedras de "mesas" e "altares de fadas". Da mesma forma, é possível que os celtas tenham absorvido o  culto das fadas desses povos antigos.

Os Tuatha Dé Danann são os Deuses filhos da Deusa Dana, a Grande Mãe; os diferentes nomes Dana, Ana, Anu, Aine tem a mesma raiz etimológica. Aine é a Rainha das Fadas, e seus filhos, os Tuatha De Danann, são Deuses, e são fadas.

Fadas são  os ciclos de transmutação da natureza, o ciclo da água, a germinação das sementes, os terremotos e maremotos, etc. Inclusive os ciclos humanos como o sono  e os sonhos, a gravidez e a guerra são regidos por Deuses-fadas.

As fadas não possuem uma forma pré-estabelecida, isso vai depender de vários fatores, mas o mais importante é saber que Fadas não têm aquele formato do imaginário popular, com asinhas e bonitinhas, existem fadas que são as criaturas mais feias que você pode imaginar.

Algumas são bem pequenas, outras podem ter tamanhos inimagináveis. Tudo depende de qual corte elas pertencem.

Há sim, as fadas são divididas em Cortes, A corte do Inverno e a Corte do verão. Mas entre essas duas principais cortes existem muitas outras, como corte do leste, do oeste, do norte, do sul, e etc......

Muitas fadas são visivelmente répteis ou anfíbios, como é o caso do Leprechaun. O Leprechaun é o guardião das riquezas da terra.

Fadas não são necessariamente seres bons ou maus; são simplesmente as forças da natureza. O vento e o fogo não são bondosos ou maléficos; têm a sua função na natureza. Cabe a nós, Bruxos e Druidas conhecer essas forças, saber como nos relacionar com elas e não achar que podemos simplesmente usá-las e abusá-las ao nosso bel-prazer.

 Por serem as forças da natureza, fadas freqüentemente são temperamentais e irritadiças, porquanto não estão a serviço e nem sob o dominio dos seres humanos.

Fadas são seres sexuados e sensuais.

Existem fadas masculinos (o Dagda, Lugh, Ogma, Arawn, etc) e femininos (a Morrigan, Brigid, Mab, etc).. Fazem sexo,  reproduzem-se.

É verdade que fadas gostam de frutas, flores, sucos. Mas também é verdade que fadas gostam de carne (como Lugh, por exemplo), de mingau salgado de aveia com carne (como o Dagda) e até de carne crua (como a Morrigan).

 Algumas fadas como a Glaistig são vampiras. E o Far Gorta, o "Homem da Fome" da Irlanda, se apresenta como mendigo e pede comida. Mas não come; só está testando a generosidade da pessoa que ele aborda. Alguns fadas gostam de vinho (Mab é o próprio vinho); outros, gostam de cerveja (Lugh, Dagda, Leprechaun). Outros, de hidromel. O Clauricaune (irlandês) habita adegas e sua preferência é o whisky.

 Definitivamente, não dá para generalizar a dieta das fadas....

A palavra "fada" em português pode ter vindo do latim; mas a cultura romana não é a origem da mitologia das fadas. A palavra fairy, em inglês, é de origem céltica gaélica: fir = "ser". O termo para "fada" em diversas línguas célticas como o  galês, cornualês, manês, etc  também tem o mesmo sentido. As fadas são exatamente isso: seres.

Que tipo de seres? Seres de Outro Mundo. O Mundo Feérico, que não é físico nem temporal, pois tempo e espaço são convenções humanas.

Fadas são os Senhores do Tempo. Não são Deuses do Passado; são os Deuses que abrem e fecham os Portais do Passado, Presente e Futuro, pois o Tempo lhes pertence.  São só Deuses da caça, agricultura, pecuária e das comunicações. Atravessam conosco  todas as Eras, vêm e voltam no Tempo. São os Senhores da Magia.

 Os povos célticos normalmente não se referiam a esses seres como "fairies" Normalmente, usavam-se outras denominações: o Povo Antigo, o Povo Nobre, o Povo Gentil,  o Povo da Colina, O Povo do Mar, as Bênçãos da Mãe.

Resumindo, quando o assunto é fadas, nomes são só nomes, classificações, características... O que importa é a essência. Elas são tudo o que nos cerca.

Elas movem os ciclos da natureza, e nossos próprios ciclos. Por isso CONHECER e trabalhar com essa energia é tão magicko.

 

 

 

TRADIÇÃO STAR FAIRY

 

Muitos covens e tradições cultuam o Povo Pequeno de maneira especial, muitos trabalham com Fairy Magick (magia com o auxilio das fadas), mas aqui no Brasil, pelo menos até onde temos conhecimento (e olha que já buscamos em todos os cantos), a única tradição de Fairy Wicca, ou seja, que é 100% focada nas bases dessa tradição, é a STAR FAIRY TRADITION.

Aqui em Guarulhos existe uma tradição muito Linda, chamada Ashling de Dannan (sonho de Dannu – Sacerdotes Tyrfang e Luannin). Essa tradição tem um culto muito forte a esse povo Pequeno, trabalham fortemente com fairy magic, mas não são considerados uma tradição de Fairy wicca.

A Star Fairy é uma tradição com raízes celtas com base nos antigos cultos ao povo nobre. Foi fundada por Gorm e Grainne, sacerdotes e Elders da tradição.

A Tradição admite homens e mulheres, e o coven fica situado em Mongaguá – Litoral sul de são Paulo.